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PROPOSTA DE REVISÃO DA ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA DA AAACM, A SUBMETER À ASSEMBLEIA GERAL EM 2 DE OUTUBRO DE 2015 – COMENTÁRIOS EXPLICATIVOS

Caro Antigo Aluno

Está agendada para 2 de Outubro de 2015, uma Assembleia Geral Extraordinária na qual, entre outros assuntos, será submetida à aprovação dos Sócios, conforme compromisso assumido pela Direcção e recomendação do Conselho Supremo, uma revisão da Orientação Estratégica da AAACM, tendo presente, muito em particular, a nova realidade decorrente da existência do internato feminino que se consumará a partir do próximo ano lectivo de 2015/2016.

Dada a relevância desta mudança e assim da Moção que será apresentada e submetida à aprovação dos Sócios, entendeu a Direcção ser desejável comunicá-la com antecedência junto de todos os Antigos Alunos, fazendo-o desta feita acompanhada pelos pressupostos e fundamentos que a sustentam.

Nestes termos, juntamos em Anexo esse mesmo documento com um apelo à tua participação na referida Assembleia Geral.

Em nome da Direcção da AAACM, aqui te deixo um forte abraço Colegial !

António Reffóios (529/63)

PROPOSTA DE REVISÃO DA ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA DA AAACM, A SUBMETER À ASSEMBLEIA GERAL EM 19 DE JUNHO DE 2015 – COMENTÁRIOS EXPLICATIVOS

A proposta de Revisão da Orientação Estratégica da AAACM, a submeter à Assembleia Geral em 19 de Junho de 2015, decorre de um debate muito aprofundado que teve em conta as recomendações do Conselho Supremo transmitidas à Direção em Fevereiro de 2015. Esta revisão visa actualizar a orientação estratégica aprovada pela Assembleia Geral em Outubro de 2012, adaptando-a objectivamente à evolução entretanto ocorrida no Colégio Militar

As orientações 1,2, 3 e 5 são mantidas sem alterações em relação à orientação estratégica de 2012.

A orientação 4 aponta um caminho para que a introdução de internato em regime misto possa resultar em benefício para o Colégio Militar, promovendo uma interpretação feminina do seu ethos e a igualdade entre os dois sexos, mas rejeitando o caminho insensato que procura tratar de forma igual, algo que é intrinsecamente diferente: o processo de desenvolvimento dos dois sexos na adolescência.
As orientações 6 , 7 e 8 refletem preocupações permanentes da AAACM mas às quais o processo de reestruturação reforça a dimensão estratégica.
A cada uma destas orientações está associada uma justificação que procura sintetizar o debate aprofundado que foi realizado. Debate este que decorreu na continuidade da reflexão que a AAACM produz há mais de uma década, a qual tem permitido fundamentar uma constante atitude de diálogo construtivo com todos os níveis da tutela do Colégio Militar. A análise do processo de reforma dos EME demonstra que, apesar dessa atitude, a tutela sempre optou por ignorar o nosso conselho. Esta é uma responsabilidade histórica que cabe inteiramente aos responsáveis políticos e militares que intervieram e intervém na reforma sem a reflexão prévia e abertura ao diálogo que o processo exige.
Não somos movidos por preconceitos, saudosismos ou interesses, mas conhecemos bem a essência do Colégio, difícil de apreender por quem não a viveu. Somos movidos apenas pelo amor, pela gratidão e pela clara noção de utilidade para Portugal, por isso a AAACM não deixará de, em cada momento e face à realidade objectiva, afirmar as orientações que melhor servem o Colégio Militar. Esta é o fundamento essencial da proposta que aqui se apresenta.

1.    Defesa de um Colégio Militar de excelência, público, veículo estratégico da Lusofonia, tutelado pelo Exército, enquanto unidade militar, em regime que permita autonomia de gestão administrativa e financeira.
O Colégio Militar evoluiu sempre no contexto e sob a tutela do Exército. Não acreditamos que um qualquer instituto privado ou fundação, consiga reproduzir ou continuar estas características genéticas. Acreditamos que, se o Exército Português não tiver a capacidade e autonomia para continuar a instituição com padrões de excelência e no longo prazo, isso significa que se perdeu a própria matriz militar da sociedade, a qual justifica a existência do Colégio.
O nosso depurado modelo de educação militar é reconhecido e procurado nos países lusófonos, facto que deve ser utilizado na cooperação com esses países.
2.    Exigência da preservação da nossa identidade através dos Pilares distintivos da Formação Militar e Liderança, da Formação Desportiva e do ethos do Colégio Militar.
Nenhum dos três pilares poderá ser enfraquecido mas é essencial que a nossa cultura e identidade sejam preservadas. Não é o passado dos Antigos Alunos que justifica a necessidade de preservar a cultura e identidade, a principal justificação reside no facto de que quem escolhe o Colégio para os seus filhos ou filhas, procura também essa cultura e caráter distintivos, mesmo que por vezes os não saiba identificar ou respeitar em concreto. Se se perderem os fatores distintivos, o Colégio será um “liceu com farda”. Essa farda, não representando, no futuro, nada de substancialmente diferente, poderá até ser modificada ou suprimida,

3.    Exigência de uma gestão eficiente do Colégio Militar, incluindo uma coordenação pedagógica competente para recolocar os resultados académicos do Colégio Militar no nível de excelência.
O nível da excelência (resultados sempre nos 10% superiores) é uma condição necessária à manutenção do Colégio, porque os resultados são um critério importante na escolha da escola.
Mas, acima de tudo, os bons resultados fazem parte do nosso ethos: no Colégio valorizam-se a superação e os resultados individuais, através do seu impacto no desempenho do grupo. Esta é uma das razões pelas quais o Colégio Militar é diferente.
É necessário definir e cumprir objetivos de desempenho académico e essa é a missão do responsável pela coordenação pedagógica. Os professores têm de, empenhadamente, conhecer e cultivar o ethos, com o qual tem de ser harmonizada uma cuidada orientação pedagógica. Esta é uma condição necessária ao bom desempenho.

4.    Exigência de que os novos formatos de educação que existem no Colégio Militar (externo e misto), coexistam com o modelo de internato masculino de orientação militar, o qual é genético das características diferenciadoras Colégio Militar, sem degradar essas mesmas características diferenciadoras do Colégio Militar, sendo que:
4.1.    Os alunos, independentemente do sexo, deverão estar enquadradas num modelo formativo de natureza militar e de liderança, com conteúdos formativos diferenciados para os alunos dos regimes de internato e externato no que se refere aos horários com presença exclusiva de internos.
4.2.    As funções de graduados serão sempre assumidas por alunos ou alunas que, cumulativamente, frequentem o CM em regime de internato e que nos 3 anos que precederam a sua graduação o tenham feito em idêntico regime.
4.3.    A organização e enquadramento do enquadramento de alunos:
4.3.1.    O Batalhão de Alunos deverá estar organizado em companhias, constituídas por pelotões de alunos do mesmo sexo.
4.3.2.    O enquadramento das companhias e respectivos pelotões será realizada por uma estrutura de graduados que respeitará, também, a diferenciação de sexos.
4.3.3.    A organização da Escolta a cavalo terá uma estrutura de graduados única e mista.
4.3.4.    As funções da estrutura do Comando do Batalhão Colegial não obedecerá a distinção de sexo.
4.3.5.    No que se refere ao enquadramento de Anos e Turmas deverão manter-se as chefias de Turma podendo os Chefes de Turma ser alunos ou alunas, internos ou externos, e deverão sempre ter a tutoria de um graduado rapaz e um graduado rapariga.
4.3.6.    Em relação ao cerimonial (ex: 3 de Março), a organização deverá ser definida em conjunto com a Direção do CM.

A organização e enquadramento de alunos é um tema distintivo e caracterizador do modelo de formação do Colégio. O que o caracteriza é resultado da organização em companhias e a existência dos graduados. As companhias do Batalhão Colegial foram sempre definidas pelas idades. Em cada companhia o Colégio sempre juntou alunos com idades semelhantes. No passado existiram até sete companhias, uma por cada ano.

Este tema é estruturante no internato pelo que deve ser nesse contexto que o avaliamos. Para os externos também é importante a vivência nas companhias, mas sem relevância e intensidade comparáveis com os internos. Isto é válido para os alunos mas também para os seus Encarregados de Educação ( o Encarregado de Educação de um externo não se preocupa em saber que acompanha o seu filho durante a noite).

A camaradagem é essencial ao Colégio Militar. A camaradagem que prevalece e resiste ao tempo é gerada pelas dificuldades superadas em conjunto. As dificuldades não residem na interação com os adultos educadores. As verdadeiras dificuldades nascem na interação social complexa no ambiente do Corpo de Alunos, essencialmente nas últimas horas do dia, onde os alunos recolhem à Companhia. As verdadeiras dificuldades podem ser, por exemplo, vencer um jogo de futebol, resolver um “caso grave” que ocorra na sociedade dos alunos, ter uma prova escolar que a todos preocupa ou treinar para o 3 de Março. Qualquer Antigo Aluno do CM reconhecerá como verdadeiras estas afirmações. As “dificuldades” são as mais das vezes ingénuas e à medida dos interesses e da idade dos alunos, mas são o que na realidade gera a identidade única do Colégio Militar. A Companhia é assim a unidade essencial e, como dito anteriormente, agrupa alunos da mesma idade. A intensidade e modo de apresentação das “dificuldades” são diferentes, note-se que até a escolha dos graduados sempre refletiu essa diferença: qualquer Antigo Aluno sabe distinguir as características de um potencial Comandante da 1ª ou de um potencial Comandante da 4ª. A interação social relevante para gerar a identidade prolonga-se para o espaço mais íntimo das camaratas ou da sala de leitura e termina no sono de cada dia. A Companhia vive, prepara-se e “combate” junta, tem o seu comandante e oficiais e uma coerência interna de onde decorre muita da diferenciação educativa do Colégio.
Esta realidade é muito intensa e é essa intensidade que a torna distintiva e formativa, tanto para os graduados como para os restantes alunos.
Em resumo, a intensidade formativa só é possível por quatro razões principais:

1.    As companhias estão organizadas em grupos etários homogéneos, com maturidades e interesses comuns.
2.    Os graduados dormem no mesmo local onde dormem os alunos desse grupo etário, atuando de acordo com o perfil dessa faixa etária.
3.    Os alunos são adolescentes, vivendo em simultâneo as “fragilidades” e as “intensidades” características da idade.
4.    A Direção do Colégio e os Encarregados de Educação conhecem, confiam e sabem controlar esta realidade.

Uma companhia deixará de ter as características formativas acima descritas, mesmo se for homogénea quanto ao sexo dos seus componentes, quando:

•    Seja formada por dois grupos distintos em termos de maturidades e interesses.
•    Um grupo passa noite num local e outro grupo noutro local.
•    Alguns graduados dormem nas instalações de um grupo e outros nas instalações do outro grupo.

Neste caso de desestruturação de uma companhia:

•    A unidade da companhia desaparece dada a composição em dois grupos com características distintas e alojamentos em locais distintos.
•    A função de comando dos graduados, apesar de ser única, fica limitada / impossibilitada / dividida durante a noite, período de tempo extremamente sensível (nomeadamente para os alunos mais novos e para os Encarregados de Educação).
•    A Direção e Oficiais do Corpo de Alunos e os Encarregados de Educação terão grande dificuldade em interagir ao verificarem que a estrutura de graduados da companhia não corresponde com a estrutura de graduados que de facto passa a noite no mesmo local que os alunos.

A criação de companhias mistas, como parece ser o plano para o Colégio, configura, de forma agravada, as situações de desestruturação referidas representando uma ameaça importante ao modelo formativo do Colégio:
•    Rapazes e raparigas adolescentes têm maturidades e interesses profundamente diferentes.
•    Vão viver em “casas” diferentes”.
•    A atuação dos graduados é limitada nos casos de comandarem alunos de sexo diferente, não podendo passar a noite no mesmo local.
•    A atuação dos graduados é dificultada pela heterogeneidade / divisão do conjunto de alunos sob o seu comando impossibilitando abordagens conjuntas consistentes.
•    Haverá enorme dificuldade em enquadrar a sobreposição de funções de comando com a dinâmica emocional de jovens de sexos diferentes.
•    A Direção e Oficiais do Corpo de Alunos e os Encarregados de Educação dificilmente conseguirão perceber como estão enquadrados os alunos e quem são os graduados “de facto” dado que a resposta resulta da hora e do assunto específico….nem todos os assuntos “masculinos ou femininos” podem ser partilhados e tratados com graduados do sexo oposto….nem um Comandante de Companhia rapariga pode viver a realidade de uma camarata de rapazes….

Outro aspecto a ter em conta são as assimetrias e tensões sociais que se geram nas hipotéticas companhias mistas, as quais serão de uma enorme dimensão e dramatismo (alguns casos ocorrem já no CM), sendo totalmente incompatíveis com o modelo que gerou a essência do Colégio e acarretando riscos muito elevados.

Nas idades mais jovens 10 – 13 anos a separação natural entre os jovens dos dois sexos é de tal forma evidente que é quase ridículo pensar que entre eles se formará uma “unidade”.

A resposta a esta enorme tensão terá de passar por um muito maior controlo pelos responsáveis do Corpo de Alunos, com uma muito maior presença e, muito provavelmente, dispositivos de controlo mais intrusivos (exp: câmaras de vídeo vigilância). Qualquer Antigo Aluno saberá explicar que o CM sempre foi um espaço de liberdade individual e que este fator essencial está na base do sentido de responsabilidade característico do seu modo de educar: sem liberdade não pode haver assunção plena da responsabilidade! O enquadramento de inspiração militar gera regras claras e sobra dessas regras e obrigações diárias um espaço de auto – determinação e respeito pela individualidade, bem significada pelo tratamento por “Senhor Aluno”. Este respeito pela individualidade gera Antigos Alunos com respeito por si próprios.

A intrusão necessária a controlar as óbvias tensões da mistura dos sexos determinará um ambiente concentracionário e com liberdade limitada, que será um ácido forte a corroer a identidade do Colégio.
Por isso o Colégio Militar misto deve ter companhias separadas por sexos e idades, estendendo a lógica que sempre teve à nova realidade. Poderão ser 5, 6, 7 ou 8, o que importa é que mantenham a capacidade formar alunos (e alunas) do Colégio Militar.

Na Duke of York´s Royal Military School, um dos casos analisados pela direção da AAACM como referência para comparação, a transformação para o regime misto ocorreu há já alguns anos. Nesse caso os grupos correspondentes às “Companhias” estão separados por sexo e idade.

5.    Assegurar participação formal e eficaz da AAACM na definição, condução e acompanhamento do processo de mudança.
Esta orientação estratégica é particularmente importante no momento em que a revisão do estatuto do Colégio Militar parece ignorar a participação formal dos Antigos Alunos em órgãos de conselho relevantes para a sua gestão.

6.    Reforço da informação à comunidade dos Antigos Alunos sobre a situação e evolução do Colégio Militar. A situação de risco em que a instituição foi colocada e se mantém, exige que os Antigos Alunos tenham acesso a informação completa sobre as alterações introduzidas e as suas consequências actuais e potenciais.
Os Antigos Alunos deverão formar a sua opinião com base em informação actualizada e completa. A complexidade do processo de reforma e a velocidade das transformações que são produzidas implica um esforço de informação que permita a cada um formar uma opinião responsável.

7.    Reativação do Conselho de Tradições com um enfoque no seu papel estruturante enquanto guardião do “ethos” e identidade Colegial.
É aos Antigos Alunos que compete esta missão, devendo ser aumentada a intensidade e atividade na análise e intervenção sobre a evolução do CM neste âmbito.

8.    Assegurar sempre que possível que as posições da AAACM sejam desenvolvidas e alinhadas em colaboração com a APEEACM e com a Direção do CM.
Os Pais e Encarregados de Educação e a Direção do Colégio Militar são considerados interlocutores privilegiados da AAACM. No quadro de uma relação de mútuo reconhecimento e reciprocidade, tudo faremos para produzir sinergias e entendimentos estáveis, essenciais ao futuro do Colégio Militar.

9.    Promoção da revisão dos Estatutos da AAACM tendo em consideração as novas realidades, i.e. alunas e externos.
A AAACM deverá adaptar-se à nova realidade, dando o exemplo de uma evolução harmoniosa integrando todos os Antigos Alunos do Colégio Militar, mantendo, aqui também, a nossa identidade. Trata-se de uma tarefa de grande complexidade e importância que deverá acompanhar a evolução do CM nos próximos anos.

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